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Adoção tardia: Uma possibilidade



O tema do meu TCC na graduação foi sobre adoção tardia. É um tema super interessante que está ganhando cada vez mais visibilidade e eu gostaria de falar um pouco a respeito disso. Este tipo de modalidade se caracteriza pela adoção de crianças e adolescentes maiores de dois anos. Estava lendo um artigo que fala justamente sobre isso, questões referentes ao abandono e a adoção de crianças e o quanto isso tem a ver com as políticas públicas.


Este artigo, elaborado por um mestre em Psicologia contextualiza a adoção e sua nova cultura no Brasil. Dá ênfase a situação das crianças institucionalizadas, a oportunidade de conciliação de interesse entre os pais adotantes e as crianças e principalmente sobre a relação entre essa temática e as políticas públicas.


Entendo que, ao falar em abandono, é necessário ter cautela e compreender o contexto em que isso aconteceu. Não é possível culpabilizar somente o Estado ou somente as famílias, que, muitas vezes, deixam as crianças por não terem condições de cria-las adequadamente. Muitas crianças ainda sofrem por serem institucionalizadas e com isso acabam sendo excluídas socialmente.


Esse assunto requer grande atenção, visto que na maioria das vezes essas crianças estão em situação de vulnerabilidade e evidencia claramente a necessidade de contribuições da área psicológica no processo de adoção e na construção, incentivo e implementação dessa nova cultura.


Atualmente, há uma grande discrepância entre a teoria e a prática. Enquanto o ECA assegura a segurança e a proteção de crianças e adolescentes, na prática isso não ocorre efetivamente. O perfil dos pais adotivos são, em grande maioria, casais que não possuem filhos biológicos, possuem melhores condições financeiras e realizam a adoção seguindo os trâmites legais. No perfil mais escolhido para adotar, destacam-se crianças de até três meses de idade, meninas e brancas. O menos escolhido caracteriza-se por crianças mais velhas, maiores de dois anos, negras ou que possuem alguma deficiência física ou mental. Em geral, a motivação para adotar está na impossibilidade de ter filhos ou por ter vontade de ajudar uma criança, o que evidencia um desejo de satisfazer seus próprios desejos.




Como eu disse anteriormente, o artigo traz um panorama geral sobre a adoção tardia no Brasil que tem ligação direta com as políticas públicas. Elas, por sua vez, devem dar uma atenção especial à criança, a família e a mulher, além de repensar na forma como as crianças são tratadas dentro de instituições de acolhimento. É preciso que todos tenham consciência e que os profissionais sejam críticos. Não é ter somente conhecimento científico, mas principalmente engajamento social e político, levando em consideração o contexto sócio-histórico e cultural.


E você, já pensou sobre isso? 

Caso tenha interesse em ver o texto na integra, segue o nome do artigo:  CAMARGO, Mário Lázaro. A adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas para o cuidado com crianças e adolescentes.

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